Durante a graduação, os bacharéis em Direito têm como um divisor de águas o momento em que adquirem a carteirinha da OAB. No entanto, agora como advogados, encontram um novo dilema: qual o próximo passo na carreira?
Pleitear uma vaga de trabalho num escritório de advocacia já estabelecido, abrir o próprio escritório ou advogar de forma autônoma são algumas das opções para os novos profissionais.
Aqueles que desejam ser advogados autônomos muitas vezes se sentem desencorajados por pessoas ao redor, que costumam dizer que fazer a gestão da própria carreira pode ser uma tarefa difícil.
Levando em consideração dados do Ministério da Educação, disponíveis no portal E-MEC, no Brasil existem mais de 1.800 cursos de direito, o que torna o setor da advocacia bastante competitivo e consequentemente traz uma insegurança para os recém chegados em relação a concorrẽncia na área.
Um conselho para os recém chegados: não tema iniciar essa nova jornada! Como diria o jornalista português Miguel de Souza Tavares, “há duas coisas na vida que não se pode deixar de ter, quando se quer ir longe: bons amigos e bons advogados“.
Aos que desejam atuar nessa modalidade, alguns fatores importantes precisam ser considerados, pois bem sabemos que todo começo é árduo, mas existem modos de facilitar o caminho para ser bem sucedido.
Veja bem, o advogado autônomo é como um piloto de avião: mesmo autorizado a voar, precisa checar a rota para que o voo tenha êxito. Após feita a escolha de qual caminho seguir, é hora de planejar o voo rumo ao sucesso.
O que é um advogado autônomo?
O advogado autônomo é um profissional que não possui vínculo empregatício com um escritório de advocacia ou empresas, sendo responsável pelo seu próprio trabalho.
Além disso, é um profissional de coragem, pois assume para si a responsabilidade de gerir sua imagem e cartela de clientes e também lidar com o gerenciamento das demandas do cotidiano.
Para atuar nessa modalidade, o profissional precisa ser bacharel em direito, ter seu registro na OAB regular e não possuir nenhum vínculo empregatício pré estabelecido. Ou seja, advogar de forma autônoma é exercer a profissão sem estar atrelado a alguma empresa ou escritório de advocacia.
Os profissionais que optam pela carreira de advogado autônomo precisam compreender que é necessário desenvolver uma gama de habilidades para além do exercício jurídico da profissão. Algumas dessas características a serem desenvolvidas estão relacionadas ao empreendedorismo, marketing, à comunicação e à contabilidade.
Quando reconhecido de forma exitosa no mercado da advocacia, o profissional pode se surpreender com os resultados e atingir ganhos muito superiores à média das outras modalidades de atuação da profissão.
Saiba mais: Conheça os benefícios do certificado digital para advogados
Vantagens de ser um advogado autônomo
A advocacia autônoma fornece ao profissional uma gama de vantagens. A seguir listamos algumas delas:
- Maior autonomia para definir o horário de trabalho;
- Mais facilidade em equilibrar a rotina profissional com outras demandas;
- Possibilidade de obter ganhos acima da média;
- Possibilidade de obter experiência em diferentes áreas jurídicas;
- Desenvolve habilidades de empreendedorismo;
- É possível escolher seus principais interesses na hora de se especializar;
- Tem autonomia para planejar os períodos de descanso.
Cabe ressaltar que ao atuar como advogado autônomo, o profissional tem uma importante vantagem no que se refere a construção do seu perfil profissional. Diferente dos que atuam em escritórios e precisam trabalhar de acordo com a demanda, o advogado autônomo pode escolher atuar em causas que tenham a ver com o seu perfil e com seus objetivos futuros.
Desafios de ser um advogado autônomo
Mas como nem tudo são certezas, há também as inseguranças enfrentadas pelos profissionais que escolhem atuar de forma autônoma. Os principais desafios enfrentados são:
- Não ter uma renda fixa garantida;
- Estabelecer sua marca dentro de um mercado competitivo;
- Lidar com as rotinas financeiras da modalidade;
- Compreender e ficar em dia com as tribulações;
- Manter na ponta do lápis as entradas e saídas de caixa;
- Ser o responsável por expandir a carteira de clientes;
- Fazer uma gestão eficiente do tempo.
Quanto ganha um advogado autônomo?
Na hora de fazer uma estimativa dos ganhos de um advogado autônomo, é importante salientar que não há um limite de ganhos, pois tudo depende do empenho do profissional em expandir sua cartela de clientes.
Ao definir um número menos ou mais restrito de clientes, os ganhos podem ter variações consideráveis. Outro fator variável que impacta positivamente nos ganhos são os bônus resultantes de ações que se somam aos honorários previamente acordados com os clientes.
Uma pesquisa da consultoria especializada Robert Half, o salário inicial na advocacia gira entre 3 e 5 mil reais. No caso do advogado autônomo não há teto de ganhos, podendo variar para mais ou para menos dependendo da forma como a carreira será direcionada.
Leia também: Cadastro CPOM para advogados: é obrigatório?
Como ser um advogado autônomo?
Elencamos 7 importantes dicas para começar a advogar na modalidade autônoma com o pé direito. Confira!
Invista em marketing jurídico
Segundo a advogada e professora Escola Superior de Advocacia da OAB/PE Núbia Roberta Sobral da Silva, um dos primeiros passos fundamentais para o advogado autônomo é investir em marketing jurídico para criar uma identidade e fortalecer a sua marca. Esse cuidado deve ir desde o design dos materiais físicos até a forma como o profissional se comunica via email, por exemplo.
Invista na prospecção de clientes
O bom e velho boca a boca até hoje é uma estratégia de sucesso quando o assunto é atrair novos clientes. No entanto, num mundo cada vez mais conectado, outra faceta do marketing que pode ajudar e representar um bom custo benefício é investir na divulgação do seu trabalho nas redes sociais.
Essa estratégia serve tanto para captação de novos clientes quanto para gestão da relação com a clientela, além de posicionar o advogado estrategicamente para compreender as necessidades de seu público alvo.
Conheça também o tráfego pago na advocacia, uma excelente forma de conquistar clientes.
Mantenha sua rotina na ponta do lápis
Mais uma dica apresentada pela especialista se refere a aquisição de ferramentas de gestão, como por exemplo softwares jurídicos, pois facilitam a gestão financeira e evitam confusão nas entradas e saídas do caixa.
Escolha onde irá trabalhar
O advogado em início de carreira precisa colocar os custos de sua atividade na ponta do lápis para começar da forma mais segura possível. Por isso, muitos profissionais optam por home office, dividir as despesas de uma sala na modalidade coworking e se deslocar apenas quando for essencial.
Capacidade de autogestão
É importante que o advogado autônomo tenha disciplina, pois será a pessoa responsável em fazer sua gestão de tempo e definir, por exemplo, lista de prioridades.
Mantenha-se atualizado
Segundo dados da OAB, há uma média de 112 advogados por habitantes no Brasil. Levando esses números em consideração, é certo dizer que o mercado está cada vez mais competitivo e, portanto, mais exigente.
Manter-se atualizado e se especializar faz toda a diferença, pois destaca o profissional como autoridade em determinados segmentos de atuação, sendo um ótimo diferencial e um atrativo para clientes mais exigentes.
Conte com serviço financeiro especializado
O advogado autônomo precisa lidar com a tarefa de solidificar sua marca e construir sua carteira de clientes.
Por isso, verificar todas as receitas, despesas, cálculos de honorários advocatícios, bônus de ações e tributações decorrentes da atividade é uma tarefa que carece de atenção. Assim, contratar o serviço especializado de uma contabilidade para advogados faz toda diferença e evita prejuízos futuros.
Advogado autônomo precisa de CNPJ?
O advogado autônomo não é obrigado a ter CNPJ e muitos optam por atuar dessa maneira para fugir da burocracia e reduzir possíveis gastos com a manutenção da empresa. Entretanto, atuar sem CNPJ pode ser oneroso e os tributos podem chegar a quase 30% dos ganhos.
Ou seja, aqueles que desejam atuar sem entrar no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica não estão excluídos de realizar o recolhimento do INSS e devem fazê-lo por meio do carnê do leão.
Portanto, conforme os advogados vão expandindo sua cartela de clientes e aumentando sua receita, o mais aconselhável é que abram um CNPJ, seja uma Sociedade Unipessoal de Advogados ou atuando com outros advogados por meio de uma Sociedade Simples de Advocacia.
Além disso, existem outras vantagens importantes para os que optam por abrir uma empresa e muitos destes benefícios superam os de atuar de forma autônoma:
- Ao abrir uma empresa, o advogado começa pagando apenas 4,5% de impostos, já atuando como autônomo paga até 27,5%;
- Atuando como pessoa jurídica, o advogado fortalece sua imagem e passa a ter mais credibilidade perante a clientela;
- É possível emitir notas fiscais, sendo possível captar como clientes empresas de médio e grande porte;
- Facilita a captação de clientes por meio de marketing digital e ferramentas de tráfego pago, como por exemplo o Google Adwords;
- Passa a ter a possibilidade de realizar contratações de colaboradores para a manutenção e expansão dos seus negócios, nas modalidades PJ, CLT e até mesmo advogado associado.
Veja como abrir um CNPJ para advogados neste artigo!
Como funciona o imposto de renda de advogado autônomo?
O imposto de renda do advogado autônomo funciona de forma bastante distinta da tributação dos advogados que fazem parte da Sociedade dos Advogados. Segundo a cartilha de tributação da OAB, o profissional deve arcar com despesas referentes ao ISS, IRPF e INSS.
O ISS é a sigla para Imposto de Renda de Pessoa Física, e é um tributo de competência dos Municípios e do Distrito Federal. Já o IRPF, o Imposto de Renda e Proventos de Qualquer Natureza, é de competência da União. Portanto, é um imposto federal.
Por fim, o advogado autônomo deve pagar o INSS, que é a contribuição social-previdenciária, ao Instituto Nacional do Seguro Social, pois é considerado pela lei um contribuinte individual.
Advogado autônomo precisa de contador?
Alguns advogados autônomos em início de carreira não fazem muita ideia da rotina contábil que se impõe e que vai além do exercício jurídico da profissão. Segundo o Código Civil Bbrasileiro, todas as empresas em território nacional têm o dever de manter a escrituração contábil em dia.
Portanto, isso significa que o advogado, até mesmo autônomo, precisa manter o livro de caixa com as anotações mensais das receitas e despesas, de forma a detalhar todos os honorários recebidos e todos os pagamentos envolvendo o exercício da atividade profissional. Tudo isso de acordo com as normas e princípios da contabilidade!
Possíveis recuperações judiciais e periciais contábeis podem ser executadas apenas por profissionais contábeis, devidamente incluídos e regulares no Cadastro Regional de Contabilidade da região em que o advogado atua.
Algumas necessidades contábeis são ainda mais complexas, como por exemplo as relacionadas ao balanço patrimonial e o DRE. A atuação de um profissional contábil se estende também a modalidade de sociedade unipessoal na advocacia.
Também recomenda-se a atuação de um contador profissional em outras circunstâncias como as relacionadas a processos trabalhistas, questões tributárias e penais. Dito isso, podemos dizer que é bastante recomendado atuar em parceria com um serviço de contabilidade especializado para evitar problemas futuros.
Resumo do conteúdo
Para finalizar, fica evidente que para atuar de forma autônoma na advocacia é preciso evitar o hábito de “apagar incêndios” o tempo todo. Um bom profissional deve se preocupar em reservar um tempo para pensar estrategicamente e definir os passos a curto, médio e longo prazo.
Por isso, neste abordamos os pontos essenciais para atuar como advogado autônomo, algumas vantagens e desafios da modalidade.
Também apontamos como funciona a rotina, a média de ganhos de um advogado autônomo, comentamos sobre como funciona a tributação e a importância dos serviços contábeis para a categoria.
Uma boa parceria para lidar com as finanças é imprescindível e a Ativum Contabilidade pode te ajudar nesta empreitada, desde a contabilização de honorários, bônus, realização da tributação e demais demandas contábeis.
Te ajudaremos a garantir a casa arrumada para que com tranquilidade financeira você possa alçar voo rumo ao sucesso.
